24 de fevereiro de 2016

A Idade dos Discípulos


Resumo

Qual era a idade dos discípulos? A maioria dos estudiosos e das pessoas comuns não pensará duas vezes antes de responder que eram pessoas adultas, maduras, experientes e experimentadas na vida, e se surpreenderá ao descobrir as evidências nos evangelhos sinópticos que nos indicam uma realidade oposta, ou que ao menos nos oferecem evidências disso. Neste artigo, essas evidências serão analisadas à luz de pequenos detalhes que, muitas vezes, passam despercebidos pela maioria dos leitores, mas que são fundamentais para chegarmos a alguma conclusão satisfatória.

Palavras-chave: Discípulos, Idade, Jovens.


Introdução

A teologia popular sempre viu nos doze apóstolos a figura de pessoas maduras, já adultas quando foram chamadas por Cristo, homens feitos e barbudos, como nos retratam os filmes e as séries bíblicas. Esta conclusão, contudo, pode não ser o resultado de uma análise pura e simples dos evangelhos, que nos dão indícios de uma realidade oposta, onde os apóstolos foram chamados por Cristo ainda jovens, com no máximo 21 anos – à exceção de Pedro. As evidências que nos levam para perto desta conclusão serão analisadas ao longo deste artigo.


O Imposto do Templo

Há um texto em Mateus que nos indica que Pedro era o único apóstolo que tinha vinte e um anos ou mais. Trata-se do episódio no qual o coletor de impostos pede o imposto apenas de Jesus e de Pedro:

“Quando Jesus e seus discípulos chegaram a Cafarnaum, os coletores do imposto de duas dracmas vieram a Pedro e perguntaram: ‘O mestre de vocês não paga o imposto do templo?’ ‘Sim, paga’, respondeu ele. Quando Pedro entrou na casa, Jesus foi o primeiro a falar, perguntando-lhe: ‘O que você acha, Simão? De quem os reis da terra cobram tributos e impostos: de seus próprios filhos ou dos outros?’ ‘Dos outros’, respondeu Pedro. Disse-lhe Jesus: ‘Então os filhos estão isentos. Mas, para não escandalizá-los, vá ao mar e jogue o anzol. Tire o primeiro peixe que você pegar, abra-lhe a boca, e você encontrará uma moeda de quatro dracmas. Pegue-a e entregue-a a eles, para pagar o meu imposto e o seu’” (Mateus 17:24-27 – NVI)

Este episódio passaria praticamente despercebido se não fosse pelo fato de que o imposto era recolhido apenas dos indivíduos de vinte e um anos para cima, e Jesus não pagou o imposto por todos os discípulos, mas apenas por si mesmo e por Pedro.
Mark Bradford comenta:

Esta história só aparece em Mateus. Não é surpreendente que Mateus, um cobrador de impostos, inclua essa história enquanto os outros não. Imposto do templo começou no tempo de Moisés (Êxodo 30.11-16, 38; 25-26). Ele foi usado para pagar a manutenção do tabernáculo no deserto. Mais tarde, quando o templo foi reconstruído, foi utilizado para a manutenção diária do templo. Eram coletadas sempre que havia um censo, e todos os homens judeus com idade superior a 20 anos tinham que pagar.[1]

Como vemos, todos os homens com idade superior a vinte anos tinha a obrigação de pagar este imposto. Contudo, Jesus só pagou o imposto dele e de Pedro. Isso pressupõe que os demais discípulos tinham menos de vinte e um anos, razão pela qual não precisaram pagar o imposto em questão. Como conclui Alon Franco, “podemos inferir pelo contexto que os outros discípulos estavam abaixo dos vinte anos, jovens o suficiente para serem isentos de pagar esse tributo”[2]. Tice destaca igualmente que “o fato de a moeda ser apenas o suficiente para Jesus e Pedro pode sugerir que apenas os dois precisavam pagar o imposto”[3].
Alguns, na tentativa de evitar essa conclusão, afirmam que nesta ocasião estavam Jesus e Pedro a sós, longe dos outros discípulos, e essa seria a razão pela qual Cristo teria pago o imposto somente seu e de Pedro. Os outros discípulos – presumem eles – estavam em outro lugar, e já teriam pago (ou ainda pagariam) o imposto. Contudo, essa lógica não encontra sustento no texto bíblico, que em parte alguma afirma que Jesus se retirou com Pedro em particular. Ao contrário, o verso 24 diz categoricamente: “Quando Jesus e seus discípulos chegaram a Cafarnaum, os coletores do imposto de duas dracmas vieram a Pedro e perguntaram...” (v. 24).
Ou seja, Jesus estava junto de todos os seus discípulos, e não em particular com Pedro. Pedro foi apenas o discípulo para quem os coletores de impostos escolheram para levantar a questão, presumivelmente por ser o mais velho dos discípulos e por não terem coragem suficiente de levantar voz ao próprio Mestre, e não alguém que estivesse em separado dos demais. Note ainda que os coletores de impostos perguntam se “o mestre de vocês paga o imposto do templo” (v. 24), e não se o “seu” mestre paga. É evidente que o uso do plural nesta ocasião só faria sentido se o discurso tivesse sido feito diante de todos, como a evidência aqui indica.


O Comportamento dos Discípulos

Embora esta segunda linha de evidência não seja definitiva, uma vez que não raro adultos tenham reações mais características de pessoas mais jovens e imaturas, os evangelhos repetidas vezes caracterizam os discípulos de maneira que poderíamos presumir sua juventude. Percebemos isso, por exemplo, no episódio de João e Tiago, que pediram a sua mãe para perguntar a Jesus se poderiam reinar com ele em seu trono, um à sua direita e outro à sua esquerda:

“Nisso Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se dele e disseram: ‘Mestre, queremos que nos faças o que vamos te pedir’. ‘O que vocês querem que eu lhes faça?’, perguntou ele. Eles responderam: ‘Permite que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda’" (Marcos 10:35-37 – NVI)

O evangelho sinóptico de Mateus atribui a fala à mãe dos discípulos, que estava com eles:

“Então, aproximou-se de Jesus a mãe dos filhos de Zebedeu com seus filhos e, prostrando-se, fez-lhe um pedido. ‘O que você quer?’, perguntou ele. Ela respondeu: ‘Declara que no teu Reino estes meus dois filhos se assentarão um à tua direita e o outro à tua esquerda’” (Mateus 20:20-21 – NVI)

Essa discrepância é solucionada por Norman Geisler e Thomas Howe que, em seu “Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e ‘Contradições’ da Bíblia”, presumem que o pedido foi dos dois discípulos, mas por intermédio de sua mãe. Duas coisas saltam aos olhos aqui. Primeiro, que dois discípulos adultos não precisariam andar acompanhados de sua mãe pra cá e pra lá. Segundo, que um pedido desta natureza faz mais sentido à luz de adolescentes imaturos do que de adultos maduros. Como diz Alon Franco:

Não parece provável que os requerentes, se adultos, iriam com sua mãe pedir nomeação e em seguida colocá-la na  frente para  falar por eles. Mais natural é pensar na mãe como indo com dois jovens adolescentes que tem grandes ambições. É uma situação desconcertante, consequentemente gerada por jovens sem maturidade alguma, certamente os mais novos do grupo.[4]

A continuação do evento em questão lança ainda mais luz. Os discípulos, informados com o pedido de Tiago e João, começam a brigar com eles (Mc 10.41). Essa disputa não aconteceu por pensarem que os dois discípulos haviam sido soberbos demais para pedir algo desta natureza, mas sim porque eles mesmos queriam tomar estas posições reclamadas por Tiago e João. Assim, iniciou-se uma disputa entre eles mesmos para ver “quem era o maior”. Foi necessário que Jesus tomasse as rédeas da situação e ressaltasse a igualdade entre eles (Mc 10.42-45). Novamente, uma disputa infantil entre quem é maior do que quem é mais típica de jovens imaturos do que de adultos formados.


A forma com que Jesus se dirigia aos discípulos

Jesus frequentemente se dirigiu aos seus discípulos tratando-os como se fossem jovens, ou mesmo adolescentes. Termos como “filhos” (Jo 21.5) e “pequeninos” (Mc 9.42) são frequentes em seu vocabulário. Quando ele enviou os discípulos para as terras de Israel, lhes disse:

“’Eu lhes digo a verdade: Quem lhes der um copo de água em meu nome, por vocêspertencerem a Cristo, de modo nenhum perderá a sua recompensa’. ‘Se alguém fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, seria melhor que fosse lançado no mar com uma grande pedra amarrada no pescoço’” (Marcos 9:41-42 – NVI)

O uso do termo “pequeninos” em um contexto onde parece estar falando diretamente aos discípulos (v. 41) é muito apropriado se Jesus, entre seus 30-33 anos, estivesse se referindo a pessoas com bem menos idade, como abaixo de 20 anos. Em outra ocasião, ele se refere aos discípulos como “filhos”: “Filhos, vocês têm algo para comer?” (Jo 21.5). “Filho” é um termo que, em geral, só é dito de alguém com mais idade para alguém com bem menos idade. Não haveria nenhum sentido se Cristo, com seus 33 anos na ocasião, estivesse usando este termo para se referir a pessoas com tanta idade quanto ele, ou até mais. A designação pressupõe uma idade jovem para os discípulos. Kbonikowsky ressalta que em todos como Mateus 11.25, Lucas 10.21 e João 13.33, em que Jesus chama seus discípulos de “pequeninos”, “pareceria um pouco insultante se fossem adultos”[5], e Korets concorda quando diz que “seria estranho [dizer ‘pequeninos’] se fosse um grupo de homens barbudos”[6].
Algo semelhante a isso só ocorre quando João, já muito idoso, chama seus leitores de “filhinhos” (1Jo 2.1) em função de sua idade avançada que pressupunha uma idade bem superior à grande maioria de seus destinatários. Em outras palavras, “filhos” ou “filhinhos” são termos que só tem sentido se de fato quem fala tem idade bem superior a quem é destinado, e levando em consideração que Jesus tinha “apenas” 33 anos, seus discípulos dificilmente passariam da faixa dos 20.


            Pedro, o único casado

            Digno de nota ainda é o fato de que, aparentemente, Pedro era o único discípulo casado entre todos (Mt 8.14-15). Uma vez que não havia nenhuma proibição ao casamento ou restrição de qualquer tipo, presume-se que os outros apóstolos não eram casados porque foram chamados por Cristo em uma idade ainda anterior à idade do casamento entre os judeus. Como Franco destaca, “o pronto atendimento ao chamado do mestre sugere que a maioria dos discípulos era composta de jovens solteiros, do contrário a ausência do lar tornaria difícil o sustento de seus familiares, a menos que fossem em circunstâncias bastante fáceis”[7].
Em outras palavras, Jesus buscou discípulos em geral mais jovens para que eles não tivessem o peso de cuidar de esposa e filhos após serem chamados pelo mestre e terem que abandonar tudo. Como já vimos, alguns deles (como Tiago e João) ainda andavam acompanhados pela sua mãe. Korets destaca ainda que “os homens naquela cultura se casavam na faixa etária entre 18 e 20 anos”[8]. Uma vez que a idade-padrão para o casamento entre os judeus era de 19 anos, é sensato concluir que a maioria dos discípulos de Jesus não havia alcançado essa idade quando foi chamado pelo Mestre.
           

            O pronto atendimento ao chamado do Mestre

            Impressiona nos evangelhos o fato dos discípulos em geral largarem tudo para seguirem o Rabi imediatamente ao serem chamados por Cristo ao ministério apostólico. Por que eles não esperaram mais? Por que não relutaram? Afinal, quem seguiria a um estranho tão rapidamente e sem discussão? Isso também pode ser explicado à luz da teoria da idade jovem da maioria dos discípulos. A Mishná, comentário rabínico do Antigo Testamento, afirma que o estudo das Escrituras começava aos cinco anos de idade, o estudo da própria Mishná aos 10, as obrigações da Torá aos 12 (o que incluía a responsabilidade de decorar a Torá), o estudo rabínico aos 15, o casamento aos 18 e o ensino formal aos 30[9].
Presumivelmente, os discípulos de Jesus já haviam passado da idade do aprendizado e não tinham ainda conseguido um Rabi para seguir. Em outras palavras, eles eram ainda jovens em sua fase adolescente que seria mais fácil para sair de casa; contudo, não haviam conseguido seguir o rigor da escola rabínica tradicional; e, portanto, se tornaram aptos a seguirem o primeiro Rabi que os chamasse por misericórdia. Em geral, com dezesseis a dezessete anos os jovens da época já podiam ficar longe de casa para seguirem os Rabis, aqui no caso, nosso Senhor Jesus Cristo. Hyndman concorda com isso quando diz:

Na tradição judaica, um jovem começava a seguir um rabino entre as idades de 12 e 30, e, geralmente, quando ele tinha menos de 20. Isso faria a maioria dos apóstolos adolescentes quando Jesus os chamou para segui-lo.[10]

E Souza, semelhantemente, destaca:

Todos eles falharam em suas tentativas de educação e estavam trabalhando em várias profissões. É por isso que não foi um problema para eles ou sua família quando eles simplesmente se levantaram e saíram ao apelo do rabino. Foi uma honra ser escolhido por um rabino para segui-lo e aprender com ele, já que estes jovens adolescentes não tinham nenhuma esperança de continuar a sua educação religiosa quando Jesus chamou-os e sua família compreendeu. Foi um momento de orgulho tanto para filhos quanto para familiares.[11]


A Idade de João

Numerosos documentos preservados dos Pais da Igreja primitiva atestam que o Apocalipse de João foi escrito em aproximadamente 95 d.C, ao final do reinado de Domiciano:

“Escuta uma historieta, que não é uma historieta, mas uma tradição existente sobre o apóstolo João, transmitida e guardada na memória. Efetivamente, depois que morreu o tirano, João mudou-se da ilha de Patmos a Éfeso. Daqui costumava partir, quando o chamavam, até as regiões pagãs vizinhas, com o fim de, em alguns lugares, estabelecer bispos; em outros, erguer igrejas inteiras, e em outros ainda, ordenar a algum dos que haviam sido designados pelo Espírito” (Eusébio de Cesareia, História Eclesiástica, Livro III, 23:6)

“É tradição que, neste tempo, o apóstolo e evangelista João, que ainda vivia, foi condenado a habitar a ilha de Patmospor ter dado testemunho do Verbo de Deus. Pelo menos Irineu, quando escreve acerca do número do nome aplicado ao anticristo no chamado Apocalipse de João, diz no livro V Contra as heresias, textualmente sobre João o que segue: ‘Mas se fosse necessário atualmente proclamar abertamente seu nome, seria feito por meio daquele que também viu o Apocalipse, já que não faz muito tempo que foi visto, mas quase em nossa geração, ao final do império de Domiciano’” (Eusébio de Cesareia, História Eclesiástica, Livro III, 18:1-3)

“E um pouco mais abaixo segue dizendo sobre o mesmo: "Nós pois, não nos arrisquemos a manifestarmo-nos de maneira segura sobre o nome do anticristo, porque, se houvesse sido necessário na presente ocasião proclamar abertamente seu nome, ter-se-ia feito por meio daquele que também tinha visto o Apocalipse, já que não faz muito tempo que foi visto, mas quase em nossa geração, ao final do império de Domiciano" (Eusébio de Cesareia, História Eclesiástica, Livro V, 8:6)

“Mas Pedro é somente um Apóstolo, enquanto João é um Apóstolo, um Evangelista, e um Profeta. Um Apóstolo, porque escreveu às Igrejas como mestre; um Evangelista, porque compôs um Evangelho, coisa que nenhum outro Apóstolo, exceto Mateus, fez; um profeta, porque viu na ilha de Patmos, onde tinha sido desterrado pelo imperador Domiciano como um mártir do Senhor, um Apocalipse contendo os ilimitados mistérios do futuro” (Jerônimo, Contra Joviniano, Livro I)

“No décimo quarto ano depois de Nero, Domiciano, tendo levantado uma segunda perseguição, baniu João para a ilha de Patmos, onde ele escreveu o Apocalipse, em que Justino Mártir e Irineu depois escreveram comentários. Mas Domiciano tendo sido condenado à morte e seus atos, por conta de sua excessiva crueldade, foram anulados pelo Senado, e João voltou a Éfeso” (Jerônimo, Dos Homens Ilustres, IX)

“Então, depois de um intervalo, Domiciano, filho de Vespasiano, perseguiu os cristãos. Nesta data, ele baniu João Apóstolo e Evangelista para a ilha de Patmos” (Seulpício Severo, História Sagrada, Livro II, Cap.31)

“João, de novo na Ásia, foi banido por Domiciano para a ilha de Patmos, na qual escreveu a visão apocalíptica, e no tempo de Trajano ele adormeceu em Éfeso, onde seus restos mortais foram procurados, mas não foram jamais encontrados” (Hipólito de Roma, Doze Apóstolos, Cap.3, v.3)

“João estava na ilha de Patmos, condenado ao trabalho das minas por César Domiciano… ele viu o Apocalipse, e quando envelheceu, ele pensou que ele deveria finalmente receber sua quitação pelo sofrimento. Domiciano foi morto e todas as decisões dele estavam descarregadas. João foi liberto das minas” (Vitorino, Comentário sobre o Apocalipse, XI)

“Quando da morte do tirano [Domiciano], ele retornou a Éfeso da ilha de Patmos, ele foi embora, sendo convidado aos territórios contíguos das nações, aqui a nomear bispos, lá para pôr em ordem Igrejas para ordenar tais como foram marcados pelo Espírito” (Clemente de Alexandria, Quem é o homem rico que será salvo, XLII)

“Não vamos, no entanto, incorrer no risco de se pronunciar de forma positiva quanto ao nome do Anticristo, pois se fosse necessário que seu nome deve ser claramente revelado neste momento, teria sido anunciado por aquele que viu a visão apocalíptica. Por que foi visto num tempo não muito longo desde então, mas quase em nossos dias, para o fim do reinado de Domiciano” (Irineu de Lyon, Contra Heresias V, 20)

Esses, entre numerosos outros documentos, atestam que João foi banido para a ilha de Patmos por Domiciano, e de lá saiu quando Domiciano foi morto. Uma vez que Domiciano reinou de 81 até 96 d.C, e depois disso João escreveu o Apocalipse e suas epístolas (e possivelmente o evangelho com o seu nome), presume-se que João ainda era muito jovem quando foi chamado por Jesus. Se ele já fosse adulto, teria mais de cem anos quando saiu de Patmos! Isso é absurdamente acima das cifras da época, em que dificilmente alguém vivia por mais de sessenta anos. Mais ainda que isso, os Pais da Igreja atestavam que João envelheceu depois de já ter visto o Apocalipse nas visões que recebeu em Patmos:

“…João estava na ilha de Patmos, condenado ao trabalho das minas por César Domiciano… ele viu o Apocalipse, e quando envelheceu, ele pensou que ele deveria finalmente receber sua quitação pelo sofrimento. Domiciano foi morto e todas as decisões dele estavam descarregadas. João foi liberto das minas…” (Vitorino, Comentário sobre o Apocalipse, XI)

            Se dependêssemos somente disso, já seria a evidência necessária de que João, pelo menos, era bastante jovem quando foi chamado por Cristo – e, presumivelmente, seu irmão Tiago também. Hyndman igualmente sustenta que “João viveu até pelo menos 96 d.C, quando o Apocalipse foi escrito, que é 66 anos depois que Jesus morreu. Isso sugere que João era quase certamente um adolescente quando se juntou a Jesus”[12].
Junto a isso há o fato de eles estarem constantemente com seu pai Zebedeu (Mt 4.21-22; Mc 1.19-20), que, ao que parece, estava suficientemente em forma para sair em um barco de pesca ele só, “o que indica que era um homem ainda jovem, com filhos saindo da adolescência”[13]. Em Marcos 1.20 lemos que Zebedeu ainda tinha empregados, o que seria desnecessário caso seus filhos já fossem adultos e maduros. São detalhes como esses que indicam que, de fato, boa parte dos discípulos de Jesus era bem mais jovens do que se pensa.


Discípulos que trabalhavam

            Sustenta-se que alguns discípulos tinham ofício de trabalho e que, por isso, não poderiam ser jovens quando Jesus os chamou. Pedro, André, Tiago e João eram pescadores, e Mateus (Levi) um cobrador de impostos. Isso não é de se surpreender, em se tratando de uma sociedade onde já era costume trabalhar desde cedo, diferentemente do mundo atual em que vivemos. Hyndman destaca que “a escolaridade judaica normalmente terminava aos 12 anos, havendo tempo para que eles aprendessem esses serviços e ainda seguissem Jesus com uma idade jovem”[14].


Conclusão

Talvez seja precipitado concluir que, acima da dúvida, todos os discípulos de Jesus à exceção de Pedro tinham menos de 21 anos, e foram chamados quando ainda tinham menos de 18 anos. Contudo, as evidências inclinam nesta direção, quando se analisa os sinópticos sem as lentes da tradição e daquilo que os filmes e séries evangelísticos nos impõem. No mínimo, a possibilidade de os discípulos terem sido bem mais jovens do que se pensa é bem mais concreta do que se imagina.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.facebook.com/lucasbanzoli1)

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Referências

BRADFORD, Mark. Matthew 17:24-27. Disponível em: <http://mark-bradford.com/blog/?p=2736>. Acesso em: 23/02/2016

FRANCO, Alon. A Idade de João no Exílio. Disponível em: <http://agrandecidade.com/2015/06/27/a-idade-de-joao-do-chamado-ate-o-fim-do-exilio/>. Acesso em: 23/02/2016

GEISLER, Norman; HOWE, Thomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e ‘Contradições’ da Bíblia. São Paulo, Mundo Cristão: 1999

HYNDMAN, Rob J. How old were the disciples of Jesus when they joined him? Disponível em: <http://bibleq.net/answer/4801/>. Acesso em: 23/02/2016

KBONIKOWSKY. Jesus’ Disciples: A teenage posse? Disponível em: <https://kbonikowsky.wordpress.com/2008/08/20/jesus-disciples-a-teenage-posse/>. Acesso em: 23/02/2016

KORETS, Russell. Age of the Disciples. Disponível em: <http://russellkorets.com/2008/09/17/age-of-the-disciples/>. Acesso em: 23/02/2016

SOUZA, Ken. The Disciples Were Probably Teenagers. Disponível em: <http://souzak99.blogspot.com.br/2013/07/the-disciples-were-probably-teenagers.html>. Acesso em: 23/02/2016

TICE, Elijah. God's Teen Squad. Disponível em: <http://www.clubhousemagazine.com/truth-pursuer/gods-teen-squad.aspx>. Acesso em: 23/02/2016


[1] BRADFORD, Mark. Matthew 17:24-27. Disponível em: <http://mark-bradford.com/blog/?p=2736>. Acesso em: 23/02/2016.
[2] FRANCO, Alon. A Idade de João no Exílio. Disponível em: <http://agrandecidade.com/2015/06/27/a-idade-de-joao-do-chamado-ate-o-fim-do-exilio/>. Acesso em: 23/02/2016.
[3] TICE, Elijah. God's Teen Squad. Disponível em: <http://www.clubhousemagazine.com/truth-pursuer/gods-teen-squad.aspx>. Acesso em: 23/02/2016.
[4] FRANCO, Alon. A Idade de João no Exílio. Disponível em: <http://agrandecidade.com/2015/06/27/a-idade-de-joao-do-chamado-ate-o-fim-do-exilio/>. Acesso em: 23/02/2016.
[5] KBONIKOWSKY. Jesus’ Disciples: A teenage posse? Disponível em: <https://kbonikowsky.wordpress.com/2008/08/20/jesus-disciples-a-teenage-posse/>. Acesso em: 23/02/2016.
[6] KORETS, Russell. Age of the Disciples. Disponível em: <http://russellkorets.com/2008/09/17/age-of-the-disciples/>. Acesso em: 23/02/2016.
[7] FRANCO, Alon. A Idade de João no Exílio. Disponível em: <http://agrandecidade.com/2015/06/27/a-idade-de-joao-do-chamado-ate-o-fim-do-exilio/>. Acesso em: 23/02/2016.
[8] KORETS, Russell. Age of the Disciples. Disponível em: <http://russellkorets.com/2008/09/17/age-of-the-disciples/>. Acesso em: 23/02/2016.
[9] KBONIKOWSKY. Jesus’ Disciples: A teenage posse? Disponível em: <https://kbonikowsky.wordpress.com/2008/08/20/jesus-disciples-a-teenage-posse/>. Acesso em: 23/02/2016.
[10] HYNDMAN, Rob J. How old were the disciples of Jesus when they joined him? Disponível em: <http://bibleq.net/answer/4801/>. Acesso em: 23/02/2016.
[11] SOUZA, Ken. The Disciples Were Probably Teenagers. Disponível em: <http://souzak99.blogspot.com.br/2013/07/the-disciples-were-probably-teenagers.html>. Acesso em: 23/02/2016.
[12] HYNDMAN, Rob J. How old were the disciples of Jesus when they joined him? Disponível em: <http://bibleq.net/answer/4801/>. Acesso em: 23/02/2016.
[13] FRANCO, Alon. A Idade de João no Exílio. Disponível em: <http://agrandecidade.com/2015/06/27/a-idade-de-joao-do-chamado-ate-o-fim-do-exilio/>. Acesso em: 23/02/2016.
[14] HYNDMAN, Rob J. How old were the disciples of Jesus when they joined him? Disponível em: <http://bibleq.net/answer/4801/>. Acesso em: 23/02/2016.

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