12 de abril de 2021

Maria é mãe de Deus?

 

Pergunta:

Por que será que os pentecostais têm tanta dificuldade de assumir que Maria é mãe de Deus? Minha hipótese é que se trata de um medo e um preconceito: preconceito porque eles acham que quem criou essa ideia foi a Igreja Romana, mas na verdade a Igreja Romana nem existia no Concílio de Éfeso. E medo porque eles não entendem o que significa a maternidade divina. Eles pensam que quando alguém fala que Maria é mãe de Deus está querendo dizer que Maria criou o Deus Filho dentro de seu ventre, mas na verdade “mãe de Deus” é apenas um título de honra a Maria por ter o privilégio de carregar o Verbo dentro de seu ventre. E o que você acha disso? (Gabriel, 24/12/2020)

Resposta:
 
Não é preconceito algum, é simplesmente prudência em não querer se meter em mistérios relativos à divindade que só causam complicações filosóficas se forem racionalizados. Pela mesma lógica na qual “Maria é mãe de Deus” por Jesus ser Deus, poderíamos dizer também que “Deus morreu na cruz” (porque Jesus é Deus e Jesus morreu na cruz), mas isso soa blasfêmico, porque Deus por natureza não pode morrer (1Tm 6:16), assim como soa blasfêmico afirmar que Deus tem mãe (quando Deus é um ser incriado e não-gerado por ninguém).
 
E se alguém disser que Deus não morreu na cruz porque foi só a parte humana de Jesus que morreu, o mesmo poderia ser dito quanto a Maria não ser mãe de Deus, por só ter tido parte na geração da natureza humana de Jesus. Por isso é muito mais prudente e sensato chamar Maria de mãe de Jesus do que mãe de Deus, evitando não apenas uma idolatria oriunda de um título duvidoso, mas a obscuridade envolvendo toda a questão. Vale lembrar que o mesmo silogismo usado para dizer que Maria é mãe de Deus por ser mãe de Jesus também poderia ser tranquilamente usado com a mesma lógica para concluir o oposto, já que ela não é mãe nem do Pai e nem do Espírito Santo (que são Deus).
 
Isso nos colocaria num paradoxo, onde o silogismo que nos leva a concluir que se (1) Jesus é Deus e (2) Maria é mãe de Jesus, logo (3) Maria é mãe de Deus, é o mesmo que nos levaria a concluir o oposto, uma vez que (1) o Espírito Santo é Deus e (2) Maria não é mãe do Espírito Santo, e, da mesma forma, (1) o Pai é Deus e (2) Maria não é mãe do Pai, o que implicaria que (3) Maria não é mãe de Deus. Devido a esse terreno perigoso da racionalização de um conceito espiritual tão difícil de ser humanamente compreendido quanto a própria trindade, é muito mais sensato deixar esses títulos duvidosos de lado, ainda mais quando o seu mal entendimento leva tanta gente à idolatria.
 
As pessoas não sabem nem explicar direito como funciona a trindade ou a união hipostática (o mais comum é assumir que se trata de um mistério que nos é oculto), mas querem concluir de boca cheia algo que depende fundamentalmente de uma compreensão precisa desses conceitos, algo que eles passam longe de ter.
 
• Leia mais sobre isso no artigo: Deus tem mãe?

*Trecho extraído de meu livro "200 Respostas sobre Fé, Política, História e Teologia" (lançamento em breve).

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