15 de julho de 2014

Comentário de Mateus 8

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Este capítulo faz parte da obra: “O Novo Testamento Comentado”, de autoria de Lucas Banzoli e de livre divulgação.
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1. E ele, tendo descido do monte, muitas multidões o seguiram.
2. E eis que veio um leproso, e o adorou, dizendo: 
Senhor, se quiseres, bem tu podes me limpar.
3. E Jesus, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: 
Eu quero, sê limpo; 
e logo ele ficou limpo de sua lepra.
4. Então Jesus lhe disse: 
Olha para que digas a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote, e oferece a oferta que Moisés ordenou, para que lhes [haja] testemunho.
5. E Jesus, tendo entrado em Cafarnaum, veio [a ele] um centurião, rogando-lhe,
6. E dizendo: 
Senhor, o meu servo jaz em casa paralítico, gravemente atormentado.
7. E Jesus lhe disse: 
Eu virei, e o curarei.
8. E respondendo o Centurião, disse: 
Senhor, não sou digno de que entres abaixo do meu telhado; mas dize somente uma palavra, e o meu servo sarará.
9. Porque eu também sou homem debaixo de autoridade, e tenho debaixo de mim soldados; e digo a este: 
Vai,
e ele vai; e ao outro: 
Vem, 
e vem; e a meu escravo: 
Faze isto, 
e ele o faz.
10. E Jesus, ouvindo [isto], maravilhou-se, e disse aos que o seguiam: 
Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel achei tanta fé.
11. Mas eu vos digo, que muitos virão do oriente, e do ocidente, e se sentarão [à mesa] com Abraão, Isaque, e Jacó, no Reino dos céus.
12. E os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá o pranto e o ranger de dentes.
13. Então Jesus disse ao Centurião: 
Vai, e assim como creste, te seja feito.
E naquela mesma hora o seu servo sarou.
14. E Jesus, tendo vindo à casa de Pedro, viu sua sogra deitada e com febre.
15. E ele tocou a mão dela, e a febre a deixou; e ela se levantou, e os servia.
16. E quando chegava o anoitecer, trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e expulsou-lhes os espíritos [malignos] com [sua] palavra, e curou a todos os que estavam [passando] mal;
17. Para que se cumprisse o que foi dito pelo Profeta Isaías, que disse: 
Ele tomou [sobre] si nossas enfermidades, e levou as nossas doenças.
18. E Jesus, ao ver muitas multidões ao redor de si, mandou que passassem para a outra margem.
19. E um escriba, tendo se aproximado, disse-lhe: 
Mestre, eu te seguirei aonde quer que tu fores.
20. E Jesus lhe disse: 
As raposas tem covis, e as aves do céu ninhos; mas o Filho do homem não tem onde encoste a cabeça.
21. E outro de seus discípulos lhe disse: 
Senhor, permite-me que vá primeiro e enterre a meu pai.
22. Porém Jesus lhe disse: 
Segue-me tu, e deixa aos mortos enterrar seus mortos.
23. E ele, tendo entrado no barco, seus discípulos o seguiram.
24. E eis que se levantou uma tormenta no mar tão grande que o barco era coberto pelas ondas; mas ele dormia.
25. E seus discípulos, aproximando-se, o acordaram, dizendo: 
Senhor, salva-nos! Estamos sendo destruídos!
26. E ele lhes disse: 
Por que sois medrosos, [homens] de pouca fé? 
Então, levantando-se, repreendeu aos ventos e ao mar, e houve grande bonança.
27. E aqueles homens se maravilharam, dizendo: 
Quem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?
28. E quando passou para a outra margem, para a terra dos gergesenos, vieram-lhe ao encontro dois endemoninhados que tinham saído dos sepulcros, tão ferozes que ninguém podia passar por aquele caminho.
29. E eis que clamaram, dizendo: 
Que temos contigo, Jesus Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes de tempo?
30. E havia uma manada de muitos porcos longe deles se alimentando.
31. E os demônios lhe suplicaram, dizendo: 
Se nos expulsares, permite-nos que entremos naquela manada de porcos.
32. E ele lhes disse: 
Ide. 
E eles, ao saírem, entraram na manada dos porcos; e eis que toda aquela manada de porcos se jogou ao mar, e morreram nas águas.
33. E os porqueiros fugiram, e ao chegarem à cidade, falaram sobre todas [estas] coisas, e sobre os [que estavam] endemoninhados.
34. E eis que toda aquela cidade saiu ao encontro de Jesus, e quando o viram, rogaram-lhe que se retirasse dos limites [do território] deles.





8.2 e o adorou. V. nota em Mt.2:11.

8.12
 
trevas exteriores. Referência ao geena. V. nota em Mt.5:26.

8.14 viu sua sogra. O texto implica que Pedro, um dos principais apóstolos, era casado. Sua esposa não se encontrava em casa naquele momento, mas isso não significa que ela já tivesse morrido. Paulo disse que Pedro, assim como os demais apóstolos e os irmãos de Jesus, costumava levar sua esposa consigo em suas viagens missionárias (1Co.9:5). Clemente de Alexandria (150-215) citou uma tradição da época que falava dos últimos dias da esposa de Pedro, dizendo: “Ou também vão desaprovar os apóstolos? Porque Pedro e Felipe criaram filhos (...) Conta-se, pois, que o bem-aventurado Pedro, quando viu que sua própria mulher era conduzida ao suplício, alegrou-se por seu chamamento e seu retorno para casa, e gritou forte para animá-la e consolá-la, chamando-a por seu nome e dizendo: ‘Oh, tu, lembra-te do Senhor!’” (HE, Livro III, 30:1-2). O celibato obrigatório do clero foi estabelecido séculos depois de Cristo, no Concílio de Niceia (Cânon III), em 325 d.C, contrariando o ensinamento do celibato opcional, que perdurou por séculos antes disso (v. nota em 1Tm.3:2).

8.17 ele tomou sobre si nossas enfermidades. V. nota em 1Pe.2:24.

8.20 Jesus não disse “não” à pessoa que queria segui-lo, apenas a avisou das consequencias disso, que incluiria, inclusive, não ter casa para reclinar a cabeça, em uma vida de abnegação. Assim como aquele homem, muitos se interessam em servir a Cristo por interesse próprio, pensando com isso obter algo material para si mesmo, e se afastam tristes quando percebem que o verdadeiro evangelho não é o da prosperidade, mas o da cruz. Quando se deparam com o verdadeiro evangelho e suas consequencias morais, repensam a ideia e preferem voltar ao mundo.

8.21 enterre a meu pai. Não significa que o pai já tinha morrido. Era costume da tradição judaica cuidar do pai até ele morrer (até ser enterrado). O que ele estava dizendo é que estava disposto a seguir Jesus, mas só depois de cuidar de suas próprias prioridades, o que, naquele caso, significava esperar até a morte do pai, para somente depois tomar uma decisão por Cristo. Isso também serve de ilustração para os dias de hoje, pois muitos preferem adiar a conversão e postergar o dia em que deixarão de viver no pecado, colocando outras prioridades pessoais como o centro de suas vidas, perdendo com isso a grande oportunidade da salvação, como aquele homem perdeu.

8.22 mortos enterrar seus mortos. Mortos espirituais enterrando pessoas fisicamente mortas. A mensagem aqui transmitida é que aqueles que colocam outras prioridades acima de seguir a Cristo estão morrendo espiritualmente.

8.29 antes do devido tempo. O diabo sabe que será atormentado futuramente, da mesma forma que sabe que será destruído (v. nota em Mc.1:24).

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