14 de outubro de 2015

Comentários de Atos 4

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Este capítulo faz parte da obra: “O Novo Testamento Comentado”, de autoria de Lucas Banzoli e de livre divulgação.
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1 E enquanto eles ainda estavam falando ao povo, vieram sobre eles os sacerdotes, e o oficial do Templo, e os saduceus,
2 Muito incomodados por eles ensinarem ao povo, e anunciarem no [nome] de Jesus a ressurreição dos mortos.
3 E puseram as mãos sobre eles, e os puseram na prisão até o dia seguinte, porque já era tarde.
4 E muitos dos que ouviram a palavra, creram; e era o número dos homens de cerca de cinco mil.
5 E aconteceu no dia seguinte, que os chefes, e anciãos, e escribas, se reuniram em Jerusalém;
6 E Anás, o sumo sacerdote, e Caifás, e João, e Alexandre, e todos quantos havia da linhagem do governo sacerdotal.
7 E pondo-os no meio, perguntaram [-lhes]: Por meio de que poder ou por qual nome vós fizestes isto?
8 Então Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes disse: Chefes do povo, e anciões de Israel,
9 Se hoje somos interrogados quanto a uma boa ação [feita] a um enfermo, pela qual este foi curado;
10 Seja conhecido a todos vós, e a todos o povo de Israel, que pelo nome de Jesus Cristo, o nazareno, aquele que vós crucificastes, ao qual Deus ressuscitou dos mortos, por ele este [homem] está são diante de vós.
11 Este é a pedra que foi desprezada por vós, edificadores; a qual foi feita por cabeça de esquina.
12 E em nenhum outro há salvação; porque nenhum outro nome há abaixo do céu, dado entre os seres humanos, em quem devemos ser salvos.
13 E eles, ao verem a ousadia de Pedro, e de João; e informados que eles eram homens sem instrução e ordinários, maravilharam-se; e eles sabiam que eles tinham estado com Jesus.
14 E vendo estar com eles o homem que tinha sido curado, nada tinham a dizer contra [eles].
15 E mandando-os saírem fora do Conselho, discutiam entre si,
16 Dizendo: O que faremos a estes homens? Porque um sinal notório foi feito por eles, manifesto a todos os que habitam em Jerusalém, e não podemos negar.
17 Mas para que [esta notícia] não seja ainda mais divulgada entre o povo, façamos sérias ameaças a eles, para que nunca mais falem a ninguém neste nome.
18 E chamando-os, ordenaram-lhes que nunca mais falassem nem ensinassem no nome de Jesus.
19 Mas, respondendo Pedro, e João, disseram-lhes: Julgai se é justo diante de Deus, ouvir a vós mais do que a Deus;
20 Porque nós não podemos deixar de falar daquilo que temos visto e ouvido.
21 Mas eles, tendo os ameaçado ainda mais, nada acharam [de motivo] para os castigar, e os deixaram ir por causa do povo; porque todos glorificavam a Deus pelo que tinha acontecido.
22 Porque era de mais de quarenta anos o homem em quem este milagre de cura tinha sido feito.
23 E eles, tendo sido soltos, vieram aos seus [companheiros], e lhes contaram tudo o que os chefes dos sacerdotes e os anciãos tinham lhes dito.
24 E eles, ao ouvirem [isto], levantaram concordantes a voz a Deus, e disseram: Senhor, tu és o Deus que fizeste o céu, a terra, o mar, e todas as coisas que neles há;
25 Que pela boca de teu servo Davi disseste: Por que os gentios se irritam, e os povos gastam seus pensamentos em coisas vãs?
26 Os reis da terra se levantaram, e os príncipes se juntaram em um mesmo [propósito] contra o Senhor, e contra o seu Ungido.
27 Porque verdadeiramente contra teu Santo Filho Jesus, ao qual tu ungiste, se ajuntaram, tanto Herodes, como Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel.
28 Para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho desde antes tinha determinado para acontecer.
29 E agora, Senhor, observa as ameaças deles, e dá a teus servos, que com toda ousadia falem tua palavra;
30 Estendendo tua mão para a cura, e que se façam sinais e milagres pelo nome de teu Santo filho Jesus.
31 E tendo orado, agitou-se o lugar em que eles estavam juntos, e foram todos cheios do Espírito Santo, e falavam a palavra de Deus com ousadia.
32 E a multidão dos que criam, era de um só oração e uma só alma; e ninguém dizia ser próprio coisa alguma de seus bens, mas todas as coisas lhes eram comuns.
33 E com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus; e em todos eles havia grande graça.
34 Porque também nenhum necessitado havia entre eles; porque todos os que possuíam propriedades de terras, ou casas, vendendo [-as], traziam o valor das coisas vendidas, e [o] depositavam junto aos pés dos apóstolos.
35 E a cada um se repartia segundo cada qual tinha necessidade.
36 E José, chamado pelos apóstolos pelo sobrenome de Barnabé (que traduzido é filho da consolação), levita, natural do Chipre,
37 Tendo ele uma propriedade de terra, vendeu[-a], e trouxe o valor, e [o] depositou junto aos pés dos apóstolos.





4.2 muito incomodados. O verdadeiro evangelho sempre causou incômodo nos incrédulos, porque não há nada que incomode mais o diabo do que a pregação legítima do evangelho. Por essa razão, ele sempre enviou ao longo da história perseguidores. No início da Igreja, eram os judeus; pouco mais tarde, o Império Romano; depois, a Igreja Romana medieval; e em tempos recentes, o Comunismo. Todos estes sistemas, juntos, mataram o equivalente a centenas de milhões de cristãos, assassinados unicamente em função de sua fé. Ainda hoje cristãos sofrem nas mãos de países oficialmente ateus e em países muçulmanos, e mais de duzentos milhões estão sendo perseguidos atualmente no mundo, em trabalhos forçados nos campos de concentração da Coreia do Norte ou crucificados pelo ISIS – embora a grande mídia secular prefira se silenciar completamente a respeito.

4.7 por meio de que poder ou por qual nome. O que o diabo estava se incomodando não era com o milagre em si, mas com o fato deste milagre remeter a Jesus. Enquanto alguém estiver fazendo milagres em seu próprio nome, ou para a glória de algum “santo”, ele não se importa. Mas se a obra é feita no nome de Jesus, o cerco se fecha. Pedro foi bastante direto na resposta (“em nome de Jesus, o nazareno” – v.10).

4.11 este é a pedra. Pedro não disse que ele mesmo era a pedra, mas que Cristo era a pedra da Igreja (v. nota em 1Pe.2:4 e em Mt.16:18).

4.12 em nenhum outro há salvação. Na fé cristã não há “co-redentores”, ainda que alguns, “por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens” (Cl.2:8), tentem dizer o contrário. O salvador é somente Cristo e ponto final. Qualquer “co-redentor” ou “co-redentora” não é mais do que um atalho que leva ao “caminho largo, que conduz à perdição” (Mt.7:13), para longe do único caminho, que é Cristo (v. nota em Jo.14:6).

4.17 para que nunca mais falem a ninguém neste nomeNovamente, o grande problema para os incrédulos não era que alguém pregasse, mas que alguém pregasse em nome de Jesus, razão pela qual proibiram que ensinassem “no nome de Jesus” (v.18), embora tenham permitido que pregassem em qualquer outro nome. Enquanto alguém prega em outro nome, para a glória de um outro alguém, por mais santo e importante que este alguém tenha sido, o diabo ouve e aplaude. Mas quando a glória é para Cristo, as portas do inferno estremecem.

4.19 ouvir a vós mais do que a Deus. V. nota em Jo.12:43.

4.24-31 Três coisas chamam a atenção nesta oração, que é a primeira oração registrada em Atos. Primeiro, que a oração foi direcionada exclusivamente a Deus, e não a algum “santo”. Segundo, que ela não pediu intercessão alguma de qualquer ser que supostamente estivesse no Céu. Terceiro que, diante dos acontecimentos, eles não fizeram qualquer tipo de agradecimento aos supostos “santos” e seres celestiais que estivessem os ajudando com orações lá de cima, mas fizeram questão de agradecer apenas e tão somente a Deus. Quarto, o verso 30, que fala sobre as curas e sinais que ocorreriam dali em diante, novamente nada menciona sobre algo ser feito por meio de um santo qualquer, mas através de Jesus. Do início ao fim, a oração dos cristãos primitivos acompanha o padrão legitimamente evangélico: Solus Christus e Soli Deo Gloria.

4.32-35 ninguém dizia ser próprio coisa alguma de seus bens... cada um se repartia.V. nota em At.2:44.

4.34 depositavam junto aos pés dos apóstolos. Certa seita moderna usou este versículo de forma deturpada para ensinar que todos os membros de sua denominação deveriam dar todo o dinheiro “aos pés do apóstolo” (leia-se pseudo-apóstolo). Mas excluíram a continuação do relato, que diz que os apóstolos em seguida repartiram a quantia com os membros mais carentes da igreja, em vez de ficar com eles mesmos. A finalidade principal da oferta na igreja primitiva não era para o enriquecimento de pastores ou para o adorno de mega-templos, mas primordialmente para o benefício do ser humano em si, especialmente daqueles que mais precisam.

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