15 de dezembro de 2015

Sermão Expositivo (1) - Fé é Confiar


TEMA: Fé é Confiar
TEXTO-BASE: 1ª Reis 17:1-16


Objetivo: Esclarecer o verdadeiro sentido da fé.

Introdução:

• Há dois tipos básicos de fé: a “fé morta” (Tg 2.26) e a “fé genuína” (1Pe 1.7).

• A fé genuína caracteriza-se por ser mais do que uma mera convicção intelectual sobre algo, mas também uma confiança naquele que proferiu a palavra.

• Não é literalmente um “salto no escuro”, como quem não conhece aquele que prometeu e apenas arrisca a sorte. Trata-se, em vez disso, de saber que um Deus Todo-Poderoso, que não mente e nem pode mentir (Tt 2.1), é fiel para cumprir o que prometeu (Hb 10.23). A fé genuína provém da confiança genuína naquele que é o dono da promessa.

• Ilustração 1: Você está perdido em uma viagem de carro para Manaus, e pede informação para as pessoas na estrada. Pergunta a dois indivíduos, que apontam para certa direção. Ainda não plenamente satisfeito, decide perguntar a um terceiro, chamado Marcos. Você não conhece Marcos, não sabe quem ele é e nem de onde veio. Marcos lhe aponta um caminho totalmente diferente, e até mesmo bastante estranho e improvável, para se chegar a Manaus. Você não tem mais ninguém para quem perguntar, e então decide seguir Marcos cegamente, ainda que as outras pessoas tenham parecido mais coerentes em apontar um caminho contrário. Essa é a fé do “salto no escuro”, a famosa fé cega.

• Ilustração 2: Naquela mesma viagem a Manaus, você está perdido e pede informação para as mesmas duas pessoas na estrada, que apontam o mesmo caminho. Sem estar totalmente convicto, você encontra Marcos, um grande amigo seu, altamente confiável, que você sabe que mora em Manaus, que sempre costuma fazer o mesmo percurso que você está fazendo e que tem toda credibilidade do mundo, ainda que o caminho por ele apontado lhe pareça estranho, divirja dos outros dois e não tenha nenhuma evidência palpável de que o que ele disse é mesmo assim. Mas pela confiança em Marcos, você segue o caminho que ele apontou. Essa fé não é apenas um salto no escuro, mas uma confiança bem fundamentada naquele que deu a palavra, em quem você possui boas razões para confiar. 


Exemplos Bíblicos

• Abraão teve como garantia da promessa o nascimento de seu filho Isaque, já em sua velhice (Gn 21.2).

• Moisés teve como garantia uma sarça que era queimada mas não consumida (Êx 3.2), uma vara que se transformava em cobra (Êx 4.3) e a mão que se tornou repentinamente leprosa e depois voltou ao normal (Êx 4.6-7).

• Gideão teve como garantia o fogo que saiu da rocha e consumiu a carne e o pão (Jz 6.21).

• Os israelitas do Egito tinham como garantia o maná que caía do céu (Sl 78.24), a coluna de nuvem e de fogo (Êx 13.22) e o mar que se abriu (Êx 13.21-22).

• Paulo teve como garantia uma visão sobrenatural que lhe deixou cego por três dias (At 9.9), com testemunhas oculares do acontecimento (At 22.9).

• Os discípulos de Jesus tiveram como garantia seus milagres e, principalmente, sua ressurreição dentre os mortos.

• Nós, hoje, temos como garantia a regeneração produzida pelo Espírito Santo, que transforma um pecador em uma nova criatura (2Co 15.17); os dons do Espírito (Hb 6.4; 1Co 14.1) e os sinais que seguiriam os que creem (Mc 16.17-18).


Considerações Preliminares

• Abraão não tinha evidências empíricas de que dele sairia uma grande nação. No entanto, ele tinha razões suficientes para confiar naquele que lhe deu a palavra (pelos motivos já expostos).

• Moisés não tinha evidências empíricas de que se tornaria mesmo um grande líder e libertador do povo de Deus no Egito, mas ele tinha razões suficientes para confiar naquele que lhe deu a palavra.

• Gideão não tinha evidências empíricas de que derrotaria os midianitas, mas ele tinha razões suficientes para confiar naquele que lhe deu a palavra.

• Os israelitas do Egito não tinham evidências empíricas de que conquistariam a Terra Prometida, mas eles tinham razões suficientes para confiar naquele que lhes deu a palavra.

• Paulo não tinha evidências empíricas de que seria mesmo um dos maiores instrumentos de Deus para levar o evangelho aos gentios, mas ele tinha razões suficientes para confiar naquele que lhe deu a palavra.

• Os discípulos de Jesus não tinham evidências empíricas de que existe um Reino de Deus para ser implantado na terra, mas eles tinham razões suficientes para confiar naquele que lhes deu a palavra.

• Nós, hoje, não temos evidências empíricas de que existe uma vida eterna para aqueles que creem no Filho de Deus, mas temos razões suficientes para confiar naquele que nos prometeu tudo o que consta em Sua Palavra.


Considerações Textuais

• Elias não tinha evidências empíricas de que, realmente, não iria chover nos anos seguintes, mediante a sua palavra (v. 1). Todavia, ele confiou no Deus que lhe deu a palavra, o qual estava com ele em todo o tempo, e nunca deixou suas palavras caírem por terra.

• Elias também não tinha evidências empíricas de que, se fosse para o riacho de Querite, seria mesmo alimentado por corvos (v. 4). No entanto, ele tinha razões suficientes para confiar que Deus usaria os corvos daquela maneira.

• A viúva de Sarepta, igualmente, não tinha nenhuma evidência empírica de que “a farinha na vasilha não se acabará e o azeite na botija não se secará até o dia em que o Senhor fizer chover sobre a terra” (v. 14). No entanto, ela tinha razões suficientes para confiar que Deus estava com o profeta Elias, o qual era reconhecido por todo o Israel como sendo um profeta do Senhor, o que é totalmente diferente de confiar em qualquer um que se dissesse “profeta” sem nenhuma prova e apenas para se aproveitar dela.

• O relato ainda nos ensina a ser um exemplo aos olhos dos de fora, “fazendo boas obras, mostrando integridade e seriedade” (Tt 2.7). Elias só ganhou a confiança da mulher de Sarepta por causa de suas credenciais de profeta honesto, mesmo em meio a tantos profetas apóstatas e a falsos profetas de Baal. Se nós, da mesma forma que Elias, não apresentarmos nossas vidas como “sacrifício vivo” (Rm 12.1) no altar do Senhor, sendo um exemplo para os descrentes em nosso caráter, santidade e integridade, o mundo não nos reconhecerá como enviados de Deus para a execução do Seu plano na terra.


Considerações Finais

• Nós, assim como Elias, somos o canal de Deus na terra, o meio pelo qual o mundo pode ouvir a voz do Senhor, os “embaixadores de Cristo” (2Co 5.20). Um Elias não-confiável dificilmente geraria fé no coração da viúva de Sarepta, ainda que a mensagem de Deus fosse verdadeira. Da mesma forma, o mundo só reconhecerá a mensagem do Senhor se nós, como Seus instrumentos na terra, como Igreja do Deus vivo, nos diferenciarmos do mundo através de nossas palavras e atos, deixando que a glória de Deus resplandeça através de nossas vidas, para a glória do Senhor.

• Fé é confiar. Não é um salto no escuro, não é um passo cego, mas é saber que Aquele que nos prometeu é fiel para cumprir sua palavra.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,


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Um comentário:

  1. Muito bom, Lucas! haha. Uma pergunta off-topic: um católico pode ser salvo? Não me refiro a um católico comum, que não sabe exatamente o que a ICAR prega, mas um católico, que tem conhecimento das doutrinas da ICAR sobre salvação, ele pode ser salvo? Uma vez que ele não aceita a salvação pela graça mediante a fé, mas sim a salvação pela graça + obras + recebimento dos sacramentos + obediência aos decretos da igreja + não morrer com nenhum pecado mortal, etc, etc, etc.

    Abraços!

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