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Este capítulo faz parte da obra: “O Problema do Mal”, ainda em construção.
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Os ateus alegam que existem males que ocorrem sem ser em função do livre-arbítrio humano. A estes males se dá o nome de desastres naturais, onde se inclui em especial os tsunamis que varrem cidades inteiras e dizimam milhares de pessoas, os morros que deslizam em uma favela que causam mais mortes, etc. Em primeiro lugar, é importante observar que parte significativa destes eventos tem influência humana, ainda que muitos ignorem o fato.
A desflorestação causada pelo homem causa a redução da biodiversidade, que por sua vez é responsável pela diversidade de genes existentes no mundo e necessária para a produção de medicamentos, alimentos e outros recursos biológicos, além da infertilidade do solo e da diminuição do oxigênio. A poluição das águas causa enormes danos aos organismos vivos e, consequentemente, à cadeira alimentar e à nossa saúde.
A poluição do solo prejudica também a vegetação e os animais, e com a queima da vegetação o terreno fica mais exposto ao sol e ao vento, causando a perda de nutrientes e a erosão do solo. A poluição da atmosfera, por sua vez, causa o aumento da temperatura e provoca asma, bronquite, problemas respiratórios e cardíacos, além de chuvas ácidas e efeito estufa. O aquecimento global altera o ritmo das chuvas e a temperatura ambiente e do solo, além de interferir na umidade do ar.
Portanto, muitos grandes desastres ambientais são causados pelo homem. Outros são consequencia da ignorância humana sobre o meio ambiente, desconsideração de alertas, erros de engenharia, má administração, mau planejamento humano. É necessário ainda salientar que um tsunami ou um deslizamento de terra não é um mal em si. Na verdade, ele não passa de mais um fenômeno natural, assim como os raios numa chuva e a pororoca da Amazônia. Se um tsunami ou um deslizamento de terra ocorresse em qualquer lugar em que não houvesse ser humano, isso de modo algum seria considerado um “mal”.
O problema, portanto, é mais a existência de pessoas vivendo em zonas de risco do que propriamente o evento em si. E o fato de pessoas morarem em zonas de risco não é culpa de Deus, a não ser que Deus as tenha trazido à força para aqueles lugares, o que obviamente não é o caso. É por culpa da superpopulação mundial e da má distribuição dos recursos que populações inteiras são obrigadas a morar em zonas precárias ou de risco, que simplesmente não deveriam ser habitadas por ninguém. É óbvio que a culpa não é da pessoa que mora ali, que muitas vezes não tem outra opção. Mas é consequencia das decisões erradas da humanidade como um todo. A humanidade escolhe errado, e a humanidade colhe os frutos de seus erros.
Se a humanidade não se reproduzisse de forma acelerada e descontrolada, e se houvesse melhor distribuição dos recursos entre as nações, a miséria não existiria, e ninguém precisaria morar em zonas de risco que não deveriam ser habitáveis. Deus fez as regras do jogo e providenciou todas as condições necessárias para se obter o sucesso, bastando à humanidade que fizesse as escolhas certas que gerassem desenvolvimento com sustentabilidade. A própria fome na África, que é provavelmente o argumento mais rotineiro dos ateus contra a existência de Deus, é um problema humano, causado por erros humanos. Não é Deus que mata crianças de fome, mas o homem.
Deus providenciou todos os meios necessários para que ninguém precisasse morrer de fome. Ele nos colocou em um planeta amplamente repleto de recursos naturais, que deveriam ser mais do que o suficiente para uma humanidade que fizesse as escolhas certas. Foi principalmente a partir dos anos 1800 que extinção de espécies, grandes epidemias, drásticas mudanças climáticas, poluição atmosférica, desequilíbrio de ecossistemas por caça e desmatamento, diminuição de recursos naturais e aumento de locais contaminados por resíduos produzidos pelo homem ganharam um novo impulso. A superpopulação e seu consequente impacto ambiental também contribuem negativamente na produção de alimentos, gerando a miséria.
Por causa do crescimento populacional desenfreado, enormes áreas são destinadas à agricultura, causando o empobrecimento do solo, o desequilíbrio do ecossistema e a monocultura. As grandes metrópoles construídas em lugares antes desabitados desequilibram o meio ambiente e degradam a natureza. Deus criou tudo originalmente em estado ideal, mas o homem, com suas decisões erradas, selou sua própria sorte.
E o mais impressionante é que, mesmo com tantas decisões erradas do homem, ainda assim os recursos que temos hoje continuam sendo suficientes para alimentar toda a população mundial. O problema é que uma enorme concentração de renda fica nas mãos de poucos, e uma quantidade insignificante fica nas mãos de muitos. Para se ter uma ideia, 1% dos mais ricos do mundo tem o equivalente a 50% de toda a riqueza mundial, e a riqueza dos 80 mais ricos deste mundo é a mesma dos 3,5 bilhões de pessoas mais pobres. E os índices mostram que essa desigualdade só permanece crescendo.
Portanto, a culpa da miséria no mundo é de Deus ou do homem? Vejamos, novamente: Deus criou tudo em um estado original perfeito. Ele deu todas as condições necessárias para que as coisas continuassem em um estado ideal, caso nós usássemos bem nosso livre-arbítrio. E ele encheu este planeta de recursos naturais, cabendo ao homem apenas a tarefa de distribuí-los de forma minimamente decente. Eu não estou falando de socialismo, que é uma “solução” pueril e fantasiosa. Na verdade, bastaria que os 1% mais ricos tivessem 20% de toda a riqueza mundial (o que ainda seria muito), que ainda sobraria muito para alimentar os mais pobres, de modo que ninguém morreria de fome.
E, mesmo assim, as pessoas ainda culpam Deus pela fome no mundo – aquele mesmo que providenciou tudo em condições ideais e as deu ao homem de mão-beijada – em vez de culpar o homem, aquele mesmo que arruinou tudo pelas suas próprias escolhas livres. Na verdade, se o homem seguisse os próprios padrões que Deus nos entregou em Sua Palavra – padrões de santidade, amor, justiça, domínio próprio, mansidão, humildade, paz, bondade e temperança – ninguém iria realmente pensar em culpar Deus por coisa alguma.
É como Lane Craig escreveu:
Imagine que todo mundo vivesse de acordo com os ensinos de Jesus – que mundo maravilhoso seria! Se houvesse uma estiagem na Etiópia, o mundo se movimentaria para ajudar o povo dali a evitar a fome. A riqueza do mundo seria basicamente redistribuída, em vez de ser acumulada nas nações materialistas ocidentais. Como resultado, as doenças diminuiriam grandemente, os cuidados médicos estariam mais prontamente disponíveis, e as pessoas viveriam em lares decentes, em vez de viverem em casas, choças ou moradias coletivas em áreas carentes, que são demolidas nas catástrofes naturais. Pense na misericórdia e no amor que seriam mostrados para aqueles que sofrem!
Se nós como Igreja colocássemos em prática o evangelho – observa Philip Yancey – então talvez a pergunta “Deus é injusto?” não fosse feita hoje em dia com tanta urgência.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (www.facebook.com/lucasbanzoli1)
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