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Este capítulo faz parte da obra: “O Novo Testamento Comentado”, de autoria de Lucas Banzoli e de livre divulgação.
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1. E sucedeu que, tendo Jesus acabado de dar mandamentos a seus doze discípulos, partiu dali para ensinar e para pregar nas suas cidades.
2. E João, ao ouvir na prisão as obras de Cristo, enviou[-lhe] dois de seus discípulos,
3. Dizendo-lhe:
És tu aquele que havia de vir, ou esperamos a outro?
4. E Jesus respondendo, disse-lhes:
Ide e voltai para anunciar a João as coisas que ouvis e vedes:
5. Os cegos veem, e os mancos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o Evangelho.
6. E bem-aventurado é aquele que não se ofender em mim.
7. E tendo eles ido, Jesus começou a dizer às multidões sobre João:
Que saístes ao deserto para ver? Uma cana que se abala com o vento?
8. Mas que saístes para ver? Um homem vestido com roupas delicadas? Eis que os que usam [roupas] delicadas estão nas casas dos reis.
9. Mas que saístes para ver? Um profeta? Sim, eu vos digo, e muito mais que um profeta;
10. Porque este é aquele sobre o qual está escrito:
Eis que diante de tua face envio a meu mensageiro, que preparará teu caminho adiante de ti.
11. Em verdade vos digo, que dentre os nascidos de mulheres, não se levantou [outro] maior que João o Batista; porém o menor no Reino dos céus é maior que ele.
12. E desde os dias de João o Batista até agora, o Reino dos céus é forçado, e os violentos o invadem.
13. Porque todos os profetas e a Lei profetizaram até João.
14. E se estais dispostos a receber, este é o Elias que havia de vir.
15. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
16. Mas com quem compararei esta geração? Semelhante é aos meninos que se sentam nas praças, e chamam a seus companheiros,
17. E dizem:
Tocamos flauta para vós, e não dançastes; cantamos lamentações para vós, e não chorastes.
18. Porque João veio, nem comendo, nem bebendo, e dizem:
Ele tem demônio.
19. Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem:
Eis um homem comilão e beberrão, amigo de cobradores de impostos e pecadores; mas a sabedoria foi justificada por seus filhos.
20. Então ele começou a acusar as cidades em que a maioria de seus milagres foram feitos, que não tinham se arrependido, [dizendo]:
21. Ai de ti Corazim! Ai de ti Betsaida! Porque se em Tiro e em Sídon tivessem sido feitos os milagres que foram feitos em vós, há muito que teriam se arrependido com saco e com cinza.
22. Porém eu vos digo que mais tolerável será para Tiro e Sídon, no dia do juízo, que para vós.
23. E tu, Cafarnaum, que estás exaltada até o céu, serás derrubada até o mundo dos mortos! Porque se em Sodoma tivessem sido feitos os milagres que foram feitos em ti, teriam permanecido até o dia de hoje.
24. Porém eu vos digo que mais tolerável será para os de Sodoma, no dia de juízo, que para ti.
25. Naquele tempo Jesus, respondendo, disse:
Graças te dou, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos meninos.
26. Sim, Pai, porque assim te agradou em teus olhos.
27. Todas as coisas me foram entregues pelo meu Pai; e ninguém conhece ao Filho, a não ser o Pai; nem ninguém conhece ao Pai, a não ser o Filho, e a quem o Filho quiser [o] revelar.
28. Vinde a mim todos os que estais cansados, e carregados, e eu vos farei descansar.
29. Tomai sobre vós meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para vossas almas.
30. Porque o meu jugo é suave, e minha carga é leve.
11.8 os que usam roupas delicadas estão nas casas dos reis. Nota-se aqui o contraste entre os ricos (que viviam nos palácios) e os profetas (incluindo João). A vida dos servos de Deus não era cercada de riquezas ou regalias, mas na simplicidade.
11.11 entre os nascidos de mulher, não se levantou maior que João o Batista. João foi a pessoa mais importante no tempo da antiga aliança, superando nomes de destaque como Moisés, Elias, Davi e os pais de Jesus. Mesmo assim, o “menor no Reino dos céus” (nova aliança) é considerado maior que ele, porque a nova aliança é superior à antiga (2Co.3:8), colocando qualquer cristão como “rei e sacerdote” (Ap.1:6), em posição de superioridade espiritual em relação aos da antiga aliança (2Co.3:7-11). A maior razão disso é porque na nova aliança todo cristão possui o Espírito Santo (Jo.14:17), enquanto na antiga aliança o Espírito Santo vinha determinadas vezes sobre algum homem de Deus, mas de forma temporária e passageira (Nm.11:25).
11.12 o Reino dos céus é forçado, e os violentos o invadem. A salvação pela graça, ao invés do esforço próprio, era algo que seria revelado mais claramente através do sacrifício expiatório de Cristo na cruz do Calvário, com a justificação pela fé – algo que ainda estava por acontecer.
11.14 este é o Elias que havia de vir. Obviamente João não era a reencarnação de Elias, como os espíritas acreditam. Em primeiro lugar, o próprio João Batista negou explicitamente de forma clara e direta que fosse Elias, quando foi perguntado sobre isso (Jo.1:21). Em segundo lugar, a Bíblia em lugar nenhum diz que Elias morreu, para que ele pudesse reencarnar em alguém. Ao contrário: diz que Elias subiu vivo em uma carruagem de fogo, sendo recebido no Céu (2Rs.2:11). É lógico que ele não foi morto no Céu para poder reencarnar em outro corpo. Em terceiro lugar, Elias apareceu pessoalmente no monte da transfiguração nos tempos de Jesus (Mt 17:10-13), o que nos mostra que Elias permanecia sendo Elias, e João permanecia sendo João. Ele não havia mudado de identidade nem de autoconsciência. Em quarto lugar, Lucas explica em que sentido que João Batista era Elias, ao dizer que João caminhava “no espírito e virtude de Elias” (Lc.1:17), ou seja, na mesma disposição de coração. Em quinto, João era um cumprimento profético (uma tipologia) de Elias, e não Elias como pessoa. Ele veio com a mesma função de Elias, e não com a mesma alma dele. Ele veio para continuar seu ministério profético. Por fim, a Bíblia não ensina a reencarnação, mas a ressurreição, que é o oposto à reencarnação (Hb.11:35; Mt.22:31; 1Co.15:13; Fp.3:11; Hb.6:2). O autor de Hebreus foi suficientemente claro ao dizer que “o homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso enfrentar o juízo” (Hb.9:27).
11.22 mais tolerável será para Tiro e Sídon, no dia do juízo, que para vós. V. nota em Mt.10:15.
11.23 mundo dos mortos. V. nota em Lc.10:15.
11.29 e achareis descanso para vossas almas. Este descanso refere-se ao descanso celestial (Ap.14:13) e é garantido pela salvação obtida na terra, que também é considerada um descanso (Hb.4:3-10).
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