15 de julho de 2014

Comentários de Mateus 22

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Este capítulo faz parte da obra: “O Novo Testamento Comentado”, de autoria de Lucas Banzoli e de livre divulgação.
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1. E respondendo Jesus, voltou-lhes a falar por parábolas, dizendo: 
2. Semelhante é o Reino dos céus a um certo rei, que fez festa de casamento para seu filho.
3. E mandou a seus servos que chamassem aos convidados para a festa de casamento, e não quiseram vir.
4. Outra vez mandou outros servos, dizendo: 
Dizei aos convidados: 
Eis que meu jantar tenho preparado, meus bois e cevados já [estão] mortos, e tudo já [está] preparado, vinde à festa de casamento.
5. Porém eles havendo[-o] desprezado, foram-se, um a seu campo, e outro à seu comércio.
6. E outros tomando a seus servos, afrontaram[-nos], e mataram-[nos].
7. E ouvindo o rei [isto], irritou-se; e mandando seus exércitos, destruiu àqueles homicidas, e pôs a fogo sua cidade.
8. Então disse a seus servos: 
Em verdade preparada está a festa de casamento, porém não eram dignos os convidados.
9. Ide pois às saídas dos caminhos, e chamai à festa de casamento a tantos quantos achardes.
10. E saindo os servos pelos caminhos, juntaram a todos quantos acharam, tanto maus como bons; e a festa de casamento se encheu dos sentados à mesa.
11. E entrando o rei, para ver os assentados à mesa, viu ali um homem [que] não [estava] vestido com roupa para festa de casamento.
12. E disse-lhe: 
Amigo, como entraste aqui, não tendo roupa para festa de casamento? 
E emudeceu.
13. Então disse o rei aos servos: 
Amarrai-o de pés e de mãos, tomai-o, e lançai[-o] nas trevas exteriores; ali será o pranto e o ranger de dentes.
14. Porque muitos são chamados, porém poucos escolhidos.
15. Então, idos os Fariseus, tiveram conselho, sobre como o apanhariam em [alguma] palavra.
16. E enviaram-lhe seus discípulos, juntamente com os de Herodes, dizendo: 
Mestre, bem sabemos que és verdadeiro, e com verdade ensinas o caminho de Deus, e de ninguém se te interessa [agradar], porque não olhas para a aparência humana.
17. Dize-nos pois, que te parece? É lícito dar tributo a César, ou não?
18. Mas Jesus entendendo sua malícia, disse: 
Por que me tentais, hipócritas?
19. Mostra-me a moeda do tributo. 
E eles lhe trouxeram um dinheiro.
20. E ele lhes disse: 
De quem é esta imagem, e [esta] inscrição?
21. Dizem-lhes eles: 
De César. 
Então lhes disse ele: 
Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.
22. E ouvindo eles isto, maravilharam-se, e deixando-o, foram-se.
23. Aquele mesmo dia chegaram a ele os saduceus, que dizem não haver ressurreição, e perguntaram-lhe,
24. Dizendo: 
Mestre, Moisés disse: 
Se algum morrer, não tendo filhos, seu irmão se casará com sua mulher, e levantará semente a seu irmão.
25. Houve pois entre nós sete irmãos, e casando-se o primeiro, morreu; e não tendo semente, deixou sua mulher a seu irmão.
26. Da mesma maneira também o segundo, e o terceiro, até os sete.
27. Por último depois de todos morreu também a mulher.
28. Na ressurreição, pois, de qual dos sete será a mulher? Porque todos a tiveram.
29. Porém respondendo Jesus, disse-lhes: 
Errais, não sabendo as escrituras, nem o poder de Deus.
30. Porque na ressurreição, nem se tomam, nem se dão em casamento; mas são como os anjos de Deus no céu.
31. E sobre a ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos tem falado, que diz:
32. Eu sou o Deus de Abraão, e o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? 
Deus não é Deus dos mortos, mas dos viventes.
33. E ouvindo [isto] as multidões, admiravam de sua doutrina.
34. E ouvindo os fariseus, que havia tapado a boca aos saduceus, reuniram-se a ele.
35. E perguntou um deles, especialista da Lei, tentando-o, e dizendo:
36. Mestre, qual é o grande mandamento na Lei?
37. E Jesus lhe disse: 
Amarás ao Senhor teu Deus com todo teu coração, e com toda tua alma, e com todo teu entendimento.
38. Este é o primeiro e grande mandamento.
39. E o segundo, semelhante a este [é]: 
Amarás a teu próximo como a ti mesmo.
40. Destes dois mandamentos depende toda a Lei, e os Profetas.
41. E reunidos os fariseus, Jesus lhes perguntou,
42. Dizendo: 
Que vos parece quanto ao Cristo? De quem ele é filho? 
Eles lhe disseram: 
De Davi.
43. Disse-lhes ele: 
Como pois Davi em espírito o chama Senhor, dizendo:
44. Disse o Senhor a meu Senhor: 
Senta-te à minha direita, até que eu ponha teus inimigos por suporte de teus pés.
45. Pois se Davi o chama Senhor, como é seu filho?
46. E ninguém lhe podia responder palavra; nem ninguém ousou desde aquele dia a mais lhe perguntar.




22.2 certo rei. Deus. seu filho. Jesus. 22.3 mandou seus servos. Os profetas. convidados. Os israelitas. não quiseram vir. Jesus veio para os seus (israelitas), mas os seus não o receberam (Jo.1:11). 22.4 outra vez. Deus não chama uma vez, mas várias. Por seu amor e longanimidade, ele dá várias oportunidades de salvação ao homem perdido. tudo já está preparado. Deus já fez toda a sua parte pela salvação do homem, restando apenas que o homem aceite o convite de salvação, sendo justificado mediante a fé. 22.5 foram-se, um a seu campo, e outro à seu comércio. Deram prioridade a coisas materiais e a preocupações desta vida, deixando em segundo plano o Reino de Deus.  22.6 tomando a seus servos, afrontaram-nos, e mataram-nos. Além de rejeitarem a Deus, mataram os profetas enviados por ele (Mt.23:35). 22.7 destruiu àqueles homicidas. Pode ser uma referência à destruição de Jerusalém pelos romanos em 70 d.C como uma forma de juízo divino, ou então ao aniquilamento final dos ímpios, a que eles também seriam submetidos (2Pe.2:7). 22.8 porém não eram dignos os convidados. Porque eles rejeitaram o convite divino, e não porque Deus os rejeitou por antecipação. A graça é estendida a todos, mas nem todos a aceitam. Aqueles que resistem à graça são merecedores de sua própria condenação, em razão de sua rejeição.  22.9 a todos quantos achardes. Pessoas de todos os povos, tribos, raças e nações (Ap.7:9), que constituem a Igreja, que não se limita a Israel. 22.10 tanto maus como bons. Deus chama a todos indistintamente, e não somente aos bons. 22.11 não estava vestido com roupa para festa de casamento. As vestes brancas, que representam a pureza e santidade (Ap.3:5). Ele aceitou o convite inicial, mas não buscou a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb.12:14). 22.13 lançai-o nas trevas exteriores. geena, local de punição antes da destruição final (v. nota em Mt.5:26).

22.14 muitos são chamados, porém poucos escolhidos. “Muitos” está em contraste com “poucos”, e não com “todos”. Ele não está dizendo que Deus não chamou a todos, e sim que Deus não chamou a poucos (v. nota em Mt.20:28). O grupo escolhido (eleito) para alcançar a Nova Jerusalém é a Igreja. A Igreja foi predestinada para a salvação. Trata-se de uma eleição corporativa. Mas nem todos aqueles que estão na Igreja hoje permanecerão fieis até o fim. Assim como Israel foi escolhido por Deus no Antigo Pacto, mas muitos israelitas não foram salvos por desobedecerem a Ele (1Co.10:1-5), da mesma forma Deus escolheu a Igreja no Novo Pacto, mas individualmente há a apostasia – pessoas que se desviam da fé que uma vez seguiram (Hb.6:4-6). Assim sendo, todos foram chamados, isto é, a salvação está disponível a todos, mas só a Igreja foi escolhidapara a salvação, que é o grupo daqueles que creram Cristo como salvador único e suficiente de suas vidas, ou seja, que aceitaram esse chamado universal e perseveraram nele até o fim (Mt.24:13).

22.15 sobre como o apanhariam em alguma palavra. Os ímpios estão sempre procurando um deslize nos servos de Deus para crucificá-los (Dn.6:4). Como lhes faltam argumentos para refutar o que a pessoa diz, eles buscam formas de desmoralizar e de caluniar a própria pessoa. Assim sendo, quando ela comete algum deslize, este erro é amplificado de tal forma a transformar a pessoa em um monstro.

22.21 dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. O cristão, enquanto está neste mundo, deve cumprir suas obrigações civis (de acordo com as leis de cada país) e espirituais (para com Deus).

22.23 que dizem não haver ressurreição. Os saduceus interpretavam alegoricamente as passagens bíblicas que falavam claramente em ressurreição (Dn.12:2; Is.26:19), igual fazem os pós-milenistas de nossos dias. Jesus os refutou usando uma passagem presente no Pentateuco (Êx.3:6), que era considerado por eles de maior importância do que os Salmos e os Profetas.

22.29 errais, não sabendo as Escrituras. Os saduceus não erravam por ignorar a tradição, mas a Bíblia, que era a única autoridade de fé sempre mencionada por Jesus em suas pregações (Mt.4:4,7,10; 21:13; 26:56; 21:42; Jo.5:47; 7:38; 10:35; 5:39).

22.30 como os anjos. Não no sentido de serem imateriais, pois a Bíblia ensina a ressurreição física do corpo (Jo.5:28-29; Dn.12:2; Is.26:19; 1Co.15; At.23:6; Hb.11:35), mas no sentido de não haver casamento ou relações conjugais, assim como não há entre os anjos no Céu. Foi sobre isso a pergunta (v.28), e sobre isso a analogia.

22.32 Deus não é Deus dos mortos, mas dos viventes. V. nota em Mc.12:27.

22.33 as multidões admiravam. Elas não estavam acostumadas a verem os fariseus e os saduceus serem refutados com tanta facilidade. Ninguém os ousava contrariar, como Cristo fazia.

22.45 Os fariseus estavam acostumados a interpretarem que, em função do fato de que o Messias seria “filho de Davi”, então Davi era superior a ele, porque um filho é inferior ao pai. Mas Jesus lhes mostra que o Messias seria o Senhor de Davi, em um patamar de superioridade sobre o próprio Davi. A conclusão é que o título messiânico sobre o Cristo ser “filho de Davi” está no sentido de ser descendente de Davi, e não de ser inferiora Davi. Jesus mais uma vez corrige uma tradição judaica corrompida, como já o tinha feito outras vezes.

22.45 ninguém ousou desde aquele dia a mais lhe perguntar. Eles perceberam que o tiro estava saindo pela culatra. Ao invés de conseguirem pegar Jesus em contradição e desmascará-lo em frente à multidão, estavam sendo facilmente refutados ao ponto de passarem vergonha diante dos ouvintes. Continuar lhe fazendo perguntas iria fazer com que eles caíssem em mais descrédito diante do povo.

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