20 de julho de 2014

Comentários de Marcos 5

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Este capítulo faz parte da obra: “O Novo Testamento Comentado”, de autoria de Lucas Banzoli e de livre divulgação.
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1. E vieram para o outro lado do mar, à terra dos Gadarenos.
2. E saindo ele do barco, logo lhe saiu ao encontro um homem das sepulturas com um espírito imundo,
3. Que tinha [sua] morada nas sepulturas, e ninguém podia prendê-lo, nem mesmo com cadeias.
4. Porque muitas vezes fora ligado com grilhões e cadeias, e as cadeias foram por ele feitas em pedaços, e os grilhões em migalhas, e ninguém o podia amansar.
5. E sempre dia e noite andava clamando pelos montes, e pelas sepulturas, e ferindo-se com pedras.
6. E quando viu a Jesus de longe, correu, e adorou-o.
7. E clamando com grande voz, disse: 
Que tenho eu contigo Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Ordeno-te por Deus, que não me atormentes.
8. (Porque lhe dizia: 
Sai deste homem, espírito imundo.)
9. E perguntou-lhe: 
Qual é teu nome? 
E respondeu, dizendo: 
Legião é meu nome, porque somos muitos.
10. E suplicava-lhe muito que não os enviasse fora daquela terra.
11. E estava ali junto aos montes uma grande manada de porcos se alimentando.
12. E suplicaram-lhe todos [aqueles] demônios, dizendo: 
Manda-nos para aqueles porcos, para que entremos neles.
13. E Jesus logo permitiu-lhes. E saindo aqueles espíritos imundos, entraram nos porcos; e a manada se lançou do alto abaixo no mar; (e eram quase dois mil [porcos]) e afogaram-se no mar.
14. E os que alimentavam os porcos fugiram, e avisaram na cidade, e nos campos; e saíram para ver o que era aquilo que tinha acontecido.
15. E vieram a Jesus, e viram ao endemoninhado sentado, e vestido; e em sã consciência ao que tivera a legião; e temeram.
16. E os que aquilo tinham visto contaram-lhes o que acontecera ao endemoninhado, e [também] sobre os porcos.
17. E começaram a suplicar-lhe que se saísse dos limites de sua terra.
18. E entrando ele no barco, o que fora endemoninhado suplicava-lhe que [o deixasse] estar com ele.
19. Mas Jesus não lhe permitiu, mas disse-lhe: 
Vai para tua casa, aos teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez, e [como] teve misericórdia de ti.
20. E [ele] se foi, e começou a anunciar em Decápolis quão grandes coisas Jesus lhe fizera; e todos se maravilhavam.
21. E passando Jesus outra vez em um barco para o outro lado, uma grande multidão se juntou a ele; e ele estava junto ao mar.
22. E eis que veio um dos chefes da sinagoga, por nome Jairo; e quando o viu, prostrou-se a seus pés.
23. E suplicava-lhe muito, dizendo: 
Minha filhinha está quase morta; [rogo-te] que venhas, e ponhas as mãos sobre ela, para que sare, e ela viverá.
24. E foi com ele, e uma grande multidão o seguia, e o apertavam.
25. E uma certa mulher, que tinha um fluxo de sangue havia doze anos,
26. E tinha sofrido muito por meio de muitos médicos, e gastado tudo quanto tinha, e nada tinha lhe dado bom resultado, mas ao invés disso ela tinha piorado.
27. [Ela], ao ouvir sobre Jesus, veio entre a multidão por detrás, e tocou a roupa dele.
28. Porque dizia: 
Se tão somente tocar sua roupa, sararei.
29. E logo a fonte de seu sangue se secou; e sentiu em [seu] corpo que já tinha sido curada daquele flagelo.
30. E Jesus, logo percebendo em si mesmo a virtude que dele tinha saído, virando-se na multidão, disse: 
Quem tocou minhas roupas?
31. E seus discípulos lhe disseram: 
Eis que a multidão te aperta, e dizes: 
Quem me tocou?
32. E ele olhava ao redor, para ver quem tinha lhe feito isto.
33. Então a mulher temendo, e tremendo, sabendo o que havia sido feito em si, veio, e prostrou-se diante dele, e disse-lhe toda a verdade.
34. E ele lhe disse: 
Filha, tua fé te salvou, vai em paz, e estejas sarada deste teu flagelo.
35. Estando ele ainda falando, vieram [alguns] do chefe da sinagoga, dizendo: 
Tua filha está morta; por que ainda incomodas ao Mestre?
36. E Jesus, logo [depois de] ouvir esta mensagem que estava sendo falada, disse ao chefe da sinagoga: 
Não temas, crê somente.
37. E não permitiu que ninguém o seguisse, a não ser Pedro, Tiago, e João o irmão de Tiago.
38. E veio à casa do chefe da sinagoga, e viu o tumulto, [e] os que muito choravam, e pranteavam.
39. E ao entrar, disse-lhes: 
Por que vós tumultuais e chorais? A menina não está morta, mas sim está dormindo.
40. E riam dele. Porém ele, tendo expulsado a todos, tomou consigo ao pai e à mãe da menina, e aos que [estavam] com ele; e entrou onde a menina estava deitada.
41. E tomando a mão da menina, disse-lhe: 
Talita cumi; 
(que traduzido é: 
Menina, eu te digo, levanta-te).
42. E logo a menina se levantou, e andava, porque já era de doze anos; e espantaram-se com grande espanto.
43. E mandou-lhes muito, que ninguém o soubesse; e disse que dessem a ela de comer.




5.2 e o adorou. V. nota em Mt.2:11.

5.9 legião é meu nome. A legião romana era um exército de 6 mil homens. Os demônios que estavam naquele homem eram quase dois mil, o número aproximado de porcos que morreram afogados (v.13).

5.10 fora daquela terra. Lucas diz que o que os demônios temiam era que fossem enviados ao abismo (Lc.8:21), que provavelmente é o equivalente ao tártaros (v. nota em 2Pe.2:4), onde alguns demônios estão atualmente aprisionados. Eles queriam permanecer na terra, ainda que não fosse em humanos (acabaram entrando em porcos – v.12).

5.17 e começaram a suplicar-lhe que se saísse dos limites de sua terra. Pelos danos financeiros causados pela morte dos porcos (v.13), e/ou pelo medo (v.15) que tiveram ao ver as “grandes coisas que Jesus fizera” (v.20).

5.19 anuncia-lhes quão grandes coisas que o Senhor te fez. Como Jesus estava em terra de gentios, não havia o mesmo risco de quando ele estava entre os judeus, de multidões ajuntarem-se em torno dele de modo a impedi-lo de entrar nas cidades (v. nota em Mc.1:44), razão pela qual aqui ele pede que o homem anuncie as coisas que ele lhe fez, enquanto entre os judeus pedia para manter silêncio (Mc.1:44; 5:43; Mt.8:4; 16:20). Aquele homem seria mais útil para o ministério como um missionário entre os gentios do que seguindo Cristo entre os judeus – onde já haviam muitos seguidores.

5.28 se tão somente tocar sua roupa, sararei. O que curou a mulher não foi a roupa de Jesus em si, mas a fé que ela demonstrou em tocá-lo (v.34).

5.30 quem tocou minhas roupas? Ao que tudo indica, Jesus não tinha o atributo da onisciência enquanto homem; ou, se tinha, fazia questão de não usá-lo.

5.33 temendo e tremendo. A mulher temia porque sua doença lhe tornava “impura” perante a lei, e qualquer um que tocasse nela também se tornaria cerimonialmente impuro (Lv.15:25-33). Mas Jesus, ao invés de dar uma baita bronca na mulher, a curou e a consolou (v.34), demonstrando enorme compaixão e misericórdia.

5.39 a menina não está morta, mas sim está dormindo. V. nota em Jo.11:11.

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